Agora são 20:30 do dia 7 de fevereiro de 2013, e estou escrevendo de dentro de um ônibus. Estou na estrada, indo para Londres, para o meu aeroporto preferido: o Heathrow! Não sei definir o que estou sentindo agora, mas acho que é saudade. Talvez nostalgia. O dia da chegada, minhas primeiras horas em Londres, o alarme de incêndio que disparou e eu nunca soube o motivo... São lembranças que vão ficar pra sempre.
Nem faz tanto tempo, mas da última vez que estive nele eu era outra pessoa. Eu tinha vergonha de falar inglês, eu só tinha falado com 1 estrangeiro em toda a minha vida, e quase tudo o que eu conhecia ficou no Brasil. Eu era um estranho num mundo novo. E que mundo! Eu não conhecia o Big Ben, a Torre Eiffel e o Coliseu. Eu não conhecia a alegria e a beleza da neve. Eu tinha acabado de descer do meu primeiro voo. Eu ainda escrevia “vôo”.
Eu não sabia o quanto a família e os amigos podem fazer falta. Eu não sabia o quanto aperta o coração ver minha mãe chorando de saudades no Skype, e nem como era chorar toda vez que leio uma carta que ela deixou escondida no bolso da minha blusa.
No meio de tudo isso, teve uma mudança que eu acredito ser a maior de todas. No dia 14 de setembro de 2012, quando eu conheci o Heathrow Airport, eu não tinha uma aliança na minha mão direita. Eu já tinha a certeza, mas não era oficial: hoje eu tenho uma noiva.
Esse é um post especial, pois conta como isso aconteceu. No post anterior, escrevi até o dia em que pegamos um voo de Barcelona para a Itália. Cada cidade desse país maravilhoso, cada momento que passamos nele, cada hostel, padaria ou restaurante, são detalhes que vão ficar pra sempre na memória.
Roma
Chegando em Roma |
Agora sim, estávamos a algumas quadras do hostel. Era só chegar, fazer o check-in e dormir. Ou, no mínimo, deixar as malas e sair pra passear até a hora do check-in. Teoricamente. Chegando lá, nos deparamos com um bilhete ao lado do interfone: check-in às 15-16h, ninguém na casa antes desse horário. Estávamos sem dormir, num bairro longe de tudo (talvez fosse até outra cidade), com toneladas de malas (o que não eram tantas toneladas assim, visto que viajamos de Ryanair, mas ainda assim incomodava) e sem lugar pra deixar as malas por umas 5 horas!
Nosso primeiro café italiano |
Enquanto subíamos as escadas da saída do metrô e o Coliseu crescia, aos poucos, à nossa frente, todo o stress foi sendo substituído por uma alegria inexplicável. Não acho que foi o monumento que eu mais gostei de conhecer, mas por algum motivo foi o que me deu a melhor sensação. Alguns dias antes, em Barcelona, tivemos uma discussão sobre a teoria de que a melhor sensação que um ser humano pode ter é o alívio. Não sei se é verdade, mas eu lembrei disso antes de terminar os degraus.
Primeira visão do Coliseu |
Local onde eu li meu livro enquanto a Nany dormia :) |
Fizemos todo o caminho de volta (dois metrôs, ônibus, caminhada), fizemos o check-in e amamos o hostel, apesar da distância. O maior problema foi a dificuldade pra achar, mas depois que sabíamos o caminho e qual ônibus pegar, ficou fácil. Uma coisa me impressionou, pois de todas as cidades que fiquei, esse hostel foi o único: além da internet, os quartos tinham tablets sem custo adicional! Tá, eu nem usei, mas achei no mínimo curioso.
À noite, mais uma curiosidade: eu saio andando pelo bairro em busca de um mercado pra comprar algo pra comer, e quando entro me deparo com 90% dos corredores só de massas – macarrão, principalmente. Eu lembrei de um dia, na minha república em São Carlos, que uma mulher disse pro Sílvio Santos que ia pra Itália e ele retrucou instantaneamente: “Vai comer macarrão!?”. Na hora nós achamos engraçado por ser um estereótipo exagerado. Talvez não tenha sido tão exagerado, afinal.
Piazza San Pietro |
Fontana di Trevi |
Bruschetta: a entrada de todas as nossas refeições :) |
Acordamos tarde no domingo (30/12), passamos por mais uma praça (essas pracinhas familiares que adoramos ficar sentados fazendo nada) e esperamos dar o horário do trem para Florença, que é o nome em português da cidade também conhecida por Firenze.
Firenze
Infelizmente nossa passagem por Firenze foi bem curta. Ficamos apenas 1 dia, mas foi suficiente pra ver (correndo) no dia 31/12 os pontos principais: a Ponte Vecchio e o Duomo. O Duomo é muito bonito, mas o que eu mais gostei foi a ponte, que possui casas e lojas em cima dela, como vocês podem ver na foto ao lado.
Ponte Vecchio |
Ficou faltando a Piazzale Michelangelo, onde dizem ter a vista mais bonita da cidade, e a famosa Torre de Pisa na cidade vizinha (Pisa), que daria pra ir e voltar de ônibus no mesmo dia se tivéssemos mais tempo. Pegamos o trem no final da tarde para Verona, fazendo uma escala de 20 minutos numa cidade chamada Padova. O segundo trajeto dessa viagem (Padova-Verona) estava com a primeira classe no mesmo preço que a segunda, para minha surpresa. Como não sou besta, viajamos de primeira classe, num vagão vazio, com direito a refrigerante e amendoim, e chegamos com estilo na cidade onde passaríamos o reveillon - uma noite que ficaria marcada para sempre :)
Verona
A estação de trem de Verona é um pouco mais afastada do centro, então tivemos que pegar um ônibus que passava na frente do nosso hostel. No caminho, o ônibus passou na frente de uma praça onde estava sendo montado um palco para o show do reveillon. Chegamos no hostel e pegamos a chave escondida na caixa de correios (conforme informado pelo dono por e-mail). Entramos, nos trocamos e saímos andando para a praça, chamada Piazza Bra.
Gnocchi di ricotta al tartufo |
Pose para o desenho |
Primeira reação: "Que lindo! O que é isso na sua mão, um cadeado?"
Ok, eu admito que o desenho no papel não ficou perfeito, mas foi por falta de cores na caneta e por estar nervoso e com as mãos começando a tremer. De fato, ficou parecendo um cadeado, como vocês podem ver na foto abaixo. Mas eu não respondi, apenas tirei as alianças do bolso.
Segunda reação: "O que você ta fazendo?"
Esse foi o momento que ela ficou nervosa e sem saber o que falar. "Estou te pedindo em casamento", eu disse. Ela disse "sim" sem pensar, mas continuou muito nervosa, perguntando o que os pais dela iam achar. Então eu disse que eu já havia contado pra eles, e que todos das duas famílias já sabiam, além de alguns amigos.
Terceira reação: o choro!
Foi aí que caiu a ficha. Colocamos as alianças, tiramos fotos e ficamos sentados nas escadas. Percebemos que tudo isso aconteceu do lado de um poste de luz, que é de certa forma uma ironia, pois começamos o namoro em um ponto de ônibus :)
Versão original do desenho |
Tomamos um sorvete italiano, ligamos para as famílias e voltamos para a multidão para esperar os últimos minutos de 2012. O show foi muito legal, inclusive com algumas músicas brasileiras. Depois da contagem regressiva, a surpresa: os fogos foram montados em cima da arena. Foi tudo muito bonito, curtimos cada minuto, fiz vídeos e tirei incontáveis fotos dos fogos em busca de uma bonita. Foi tudo inesquecível.
Feliz ano novo! |
Voltamos andando para o hostel e tiramos as alianças, pois a dela ficou larga e tivemos que trocar.
Casa da Julieta |
Arena di Verona |
No dia seguinte (quarta, 02/01), voltamos para a casa da Julieta, dessa vez para entrar. A casa é um museu com vários objetos que pertenceram à verdadeira família Capuleto, a qual inspirou a história de Shakespeare. Deixamos nossos nomes em todos os lugares que tínhamos direito, inclusive no caderno de visitas, no sistema de "e-mails para a Julieta" e em um cadeado no portão.
Livro de visitas da casa da Julieta |
Tumba da Julieta |
Castelvecchio e Ponte Scaligero |
Milão
Chegamos por volta das 20:30 e pegamos o metrô para o nosso hostel, que tinha um estilo totalmente diferente dos anteriores. Enquanto os hostels de Roma, Firenze e Verona eram muito caseiros e tranquilos, o de Milão era mais parecido com um hotel mesmo, com vários andares, quartos e tudo mais. Aliás, tive a mesma impressão da cidade, o que não me surpreendeu, pois Milão não é conhecida por ser uma cidade histórica, e sim pelo "glamour". Antes de dormir, comi o meu primeiro kebab, uma carne muito famosa aqui na Europa, que compramos em um restaurante lá perto.
Duomo |
Chocolate quente no parque :) |
30 meses com ela
Hoje é dia 22/02 - pois é, demorei 15 dias pra terminar de escrever esse post. Muita coisa já aconteceu desde aquele dia, mas acredito que conseguirei escrever sobre tudo em um único post. Quanto à viagem de férias, ficou faltando apenas Paris, pois eu resolvi deixar esse post apenas para a Itália.
E não há um dia melhor para terminar de escrever sobre a Itália. Hoje eu comemoro 2 anos e meio de namoro com a Nany, e não tenho palavras pra definir a felicidade que ela me traz. Desde o dia 22 de agosto de 2010, naquele ponto de ônibus, eu posso dizer que sou outra pessoa. E é por isso que afirmo com toda a certeza do mundo que é com ela que quero passar o resto da minha vida.
Te amo :) |
Caraca, fico imaginando a emoção na hora de fazer o pedido hahha
ResponderExcluirBtw, muito bom o post
Abraços
Que bom que pude viver isso com você amor!
ResponderExcluirSó tenho que agradecer a ter você na minha vidaaaa!
Te amo muito